Duna (Frank Herbert)
📢 𝗡𝗢𝗧𝗔 𝗗𝗔 𝗟𝗘𝗜𝗧𝗨𝗥𝗔:⭐⭐⭐⭐⭐
Clássicos literários não só se tornam referências para nossas vidas pessoais como acabam pautando todo um novo cenário que vem posterior a eles, seja na própria literatura ou no cinema. Grandes histórias são a base para novas excelentes jornadas e Duna, caso você ainda não saiba, é a base sólida para muita coisa da ficção científica que você certamente conhece.
O incrível universo brilhantemente criado por Frank Herbert e publicado em 1965 é considerado um dos livros de ficção científica mais vendidos de todos os tempos! Em um clássico futuro distante, onde a Terra não é mais habitada e toda a sua relevância como planeta nem se quer existe mais, o jovem Paul Atreides encara a responsabilidade de continuar o legado do seu pai, Duque Leto Atreides, enquanto busca entender sua própria existência, seus próprios propósitos.
🟡 Religião x Sustentabilidade x Neurociência
Em uma visão rápida, Duna nada mais é do que uma trama política envolta por questões familiares. Porém, se você acha que vai ler mais um drama comum, prepare-se porque Duna não tem nada de superficial.
Frank Herbert criou um universo único, que transborda a jornada brilhantemente construída de cada personagem que faz parte de Duna, além da sobrevivência deles estarem diretamente ligada a sustentabilidade ambiental de cada planeta do império galáctico situado a mais de oito mil anos à nossa frente, presente na história.
“Eu não devo ter medo. Medo é o assassino da mente. Medo é a pequena morte que leva à aniquilação total. Eu enfrentarei meu medo. Permitirei que passe por cima e me atravesse. E, quando tiver passado, voltarei o olho interior para ver seu rastro. Onde o medo não estiver mais, nada haverá. Somente eu permanecerei. ”
Duna traz naturalmente uma série de reflexões sobre ecologia, natureza e como tudo isso influencia na sobrevivência humana. Frank Herbert lá na década de 50 levantou esse ponto tão relevante, sendo um visionário na literatura ao destacar a importância ambiental. O autor trata em Duna sobre abuso na exploração de recursos naturais finitos, da importância da manutenção e preservação da água e também destaca sobre sustentabilidade social, trazendo à tona a exploração estrangeira tratando nativos com completo descaso, para tirar do planeta deles o que lhes interessa.
Outro ponto forte da obra é a questão religiosa. Duna tem uma excelente análise antropológica que envolve seus personagens e, sendo uma obra imaginada a partir do nosso mundo atual, vários dos nossos costumes foram contextualizados para o futuro.
“Todos os homens buscam esclarecimento. A religião é só a maneira mais antiga e honrada de os homens se esforçarem para entender o universo de Deus. Os cientistas buscam a legitimidade dos fatos. É tarefa da religião encaixar o homem nessa legitimidade. ”
Estando bem à frente no tempo, os seres humanos sofreram transformações pessoais e coletivas. Concepções existenciais são abertamente tratadas em Duna. Frank Herbert não traça religiões específicas, mas preserva algumas características cristãs e muçulmanas, por exemplo, para a adaptação na vida futura. A ideologia religiosa que conhecemos, junto a um conceito de doutrina estabelecido pelo autor, exercem um papel importante nos núcleos sociais apresentados em Duna.
Uma boa crítica feita em Duna é pela constante busca do ser humano por grandes líderes e também pela eternidade, muitas vezes atrelada às ideias desse representante. Essa constante busca acaba jogando a sociedade em dualidades e conflitos. Aquele líder que seria um salvador, muitas vezes traz consigo um legado caótico e um destino de catástrofes.
“Não poderia acontecer um desastre mais terrível para sua gente do que cair nas mãos de um herói. ”
Os humanos se desenvolveram tecnologicamente e em certo momento, se voltaram contra a dominação das máquinas, superior a raça humana, voltando então para ideais humanistas e a busca por aprimorar a mente humana. Duna é por completo uma ficção científica recheada de ficção filosófica. É a vida, mas também é a morte.
“Em tempos, os homens entregavam o pensamento às máquinas, na esperança de que isso os libertasse. Mas só permitiu que outros homens com máquinas os escravizassem.”
Trabalhando conceitos relacionados à neurociência, Frank Herbert aproxima o leitor de um aprimoramento dos seres humanos em prol de uma seleção de ‘seres especiais’ ou talvez, a formação deles. Duna também trata assuntos bem interessantes e questionáveis dependendo do seu ponto de vista, como memória genética, transmissão de traços comportamentais e aumento das habilidades psíquicas depois do uso de substâncias (essa também um fator bem relevante no livro), aumentando as atividades cerebrais.
🟡 E em toda sua essência, o que torna Duna tão interessante?
Duna é complexo porque não é simplesmente sobre um planeta arenoso subitamente povoado por marcantes nativos e que recebe um novo comando em um futuro bem distante: é sobre o ser humano entendendo o teor da sua existência, suas relações e todas as reações que sua presença pode causar. Duna é sobre a vida e todas as fases que ela possa apresentar, é sobre o que ela significa mesmo depois da morte.
Não é somente sobre ser um livro interessante, é sobre te fazer questionar e entender e sobre ter sido uma base para grandes e relevantes histórias que vieram depois. Duna é ficção, mas também é realidade!
“O mistério da vida não é um problema a ser resolvido, mas uma realidade a ser vivenciada. ”
GOSTOU?
Ao adquirir o livro por um link do site você ajuda de alguma forma, o Box Literário!